G. R. E. S. Acadêmicos da Abolição
Enredo: NOS ENCANTOS DAS ÁGUAS, ABOLIÇÃO LAVA A ALMA
Carnavalesco: Beto Botelho
Presidente: Darcy Silveira
Data, Local e Ordem de Desfile: Grupo de Acesso C, 5ª Escola de 08/02/2016, segunda-feira, Estrada Intendente Magalhães, Campinho/RJ.
Samba:
Compositores: Thiago Sousa, Igor Vianna, Victor Alves, Alex Alves, Renatinho do Cavaco, Geovanni Trindade e Raphael O. Krek
Intérprete: Geovani Trindade
Letra:
O encanto das águas / Origem do mundo… Vou cantar!
No ventre materno, a força da vida… Revelar… / Mergulho em encantos, mistérios
Nesse mar de fantasias / Muitas águas vão rolar…
Deuses reinavam na mitologia / Dominando as águas bravias / Das profundezas do mar
Vou descer a cachoeira… Deixo a água me levar
Vou Seguindo a correnteza, a mente vai me guiar
Sereia, doce rainha / Em canoa à repousar / Doce rainha, sereia / Vaidosa por natureza
No espelho d’agua a se admirar / No Amazonas, Rio-mar / Na Lenda da índia Naiá
No amor de Irecê e Andirá / Fonte de inspiração / Desagua no meu carnaval
Fé, purificação… Axé na lavagem do Bonfim / Reguei meus sonhos
E hoje faço acontecer / Vou saciar a sede de vencer!
Vou me banhar nesse mar de amor / Lavar a alma na avenida
Surdos, tamborins, vão ecoar… / Abolição és a razão da minha vida!
Sinopse:
“Tudo vem da água, tudo possui água…
a inexistência da água traz a inexistência da vida…
ela é a primeira substancia que origina a vida”
Tales de Mileto
Primeiro Setor: A origem da vida
A origem da vida no planeta Terra surgiu na água. Ao longo de milhões de anos de evolução, os organismos vivos se diversificaram e se espalharam pelo planeta, também conhecido como Planeta Água, sendo que a sobrevivência de todas as espécies animais e vegetais continuam ligadas à água.
A relação com a água remete a própria existência, partindo do princípio que o ser humano se desenvolve em uma bolsa de água durante nove meses no ventre da mãe e a partir daí esta relação coexiste na rotina da vida: água para beber, para lavar, curar e purificar.
Após o nascimento, a criança os olhos para a existência chorando e os fecha pela morte, sob a unção das lágrimas. A lágrima é menor que uma gota d’água, mas se comporta como um meio de comunicação universal, sendo a mensageira da dor e da alegria, sentimentos que perpassam na vida do ser humano.
Entre peixes, algas e crustáceos, é possível viajar nas águas claras e profundas do Reino de Poséidon, rei dos mares e regente do mundo em quem nele vive. Não é tarefa fácil satisfazer o deus mais ambicioso, porque existe um encanto e uma beleza especial nos abismos misteriosos, como não há em mais parte nenhuma. Como deus do mar, Poséidon não gozava apenas esse estranho mundo, podia dominar também à vontade a força das tempestades, lançar ondas de encontro às costas da Grécia, voltar os barcos de pesca e empurra até navios de maior tamanho que iam à frente dos ventos em busca de abrigo.
Segundo Setor – Mistérios e lendas
Mistérios e lendas se espalham de boca em boca. Surgem então os mitos das águas. Pescadores, indígenas e povo ribeirinho cada um de sua forma cria a partir de sua inocência e crendices mitos para sobre as margens dos rios.
Num contexto sobrenatural, lendários e místicos emerge as margens do Rio São Francisco a Mãe-d’água, uma linda sereia que é considerada mãe de todas as criaturas que vivem nesse rio e sua imagem pode ser vista à meia-noite, quando as águas do São Francisco adormecem. Conta a lenda que o rio dorme por dois ou três minutos todos os dias, depois da meia-noite. Tudo hiberna e descansa, as cachoeiras deixam de fluir, os peixes se acomodam no leito, as cobras ficam sem veneno e as almas de todas as pessoas que morreram pelas águas do rio, conseguem, enfim, subirem ao céu e se transformam em brilhantes estrelas.
É nessa hora, quando o rio está entorpecido, que a sereia aflora a superfície a procura de uma canoa onde ela possa se sentar para pentear seus longos cabelos e admirar sua imensa beleza no reflexo das águas.
Outra lenda diz respeito a linda escrava índia IRECÊ que no ano de 1564 em São Vicente, litoral de São Paulo, foi à praia a noite para um de seus encontros com o jovem ANDIRÁ que vinha ao continente. Porém encontrou a canoa de seu amado vazia e se deparou com um animal marinho gigantesco, com cerca de três metros de altura, uma grande cabeça, bigode, braços longos, dentes pontiagudos e pés de barbatanas. Tratava-se do Ipupiara, homem-peixe que habitava no fundo das águas, que segundo as lendas se tratava de um antigo mercador cuja fortuna fora engolida pelas águas do rio e, a partir desse dia passou a viver como peixe no fundo das águas à procura de sua exuberante riqueza.
E pode-se ir além… Quem nunca ouviu falar do boto rosa que sai dos rios amazônicos nas noites de festa junina? Com um poder especial, o boto consegue se transformar num lindo, alto e forte jovem trajado com roupa social branca. Ele usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz grande. Vai a festas e bailes noturnos em busca de jovens mulheres bonitas. Com seu jeito galanteador e falante, o boto aproxima-se das jovens desacompanhadas, seduzindo-as. É comum convencer as mulheres para um passeio no fundo do rio, local onde costuma engravidá-las. Na manhã seguinte volta a se transformar no boto. Foi baseado nesta história que surgiu a lenda da índia chamada Naiá que contemplou a lua (Jaci) que brilhava no céu apaixonou-se por ela. Segundo relatos dos próprios indígenas, Jaci descia a terra para buscar alguma virgem e transformá-la em estrela do céu. Naiá ouviu essa lenda, sempre sonhava em um dia virar estrela ao lado de Jaci. Assim todas as noites, ela saia de casa para contemplar a lua e aguardar o momento da lua descer no horizonte e corria para tentar alcança-la. Todas as noites repetia essa busca, até que numa noite decidiu mais uma vez tentar alcançar a lua, nessa noite no qual viu o reflexo da lua nas águas do igarapé e sem exitar mergulhou na tentativa de tocá-lo e acabou afogando-se. Jaci se sensibilizou com seu esforço e a transformou na grande flor do Amazonas, a Vitória Régia, que só abre suas pétalas nas noites de luar.
De tudo tem-se um pouco, peixes dourados, seres abissais, dragões e serpentes gigantes, até baús de tesouros, a imaginação é tão grande… Não existem limites.
Terceiro Setor: Águas de fé e Simbolismo
Considerada a essência da vida, a água é símbolo de pureza, regenerescência, força e harmonia, tanto no plano físico como no espiritual. Essa noção de água primordial é praticamente universal. É a origem e o veículo de toda vida.
Encontra-se a água também como expressão de esperança, alento e alegria como os oásis nos desertos, os poções e as fontes que jorram muitas vezes em lugares sagrados, os rios que fertilizam as margens, as chuvas, o orvalho; todas as formas de apresentação física da água simbolizam a benevolência e as bênçãos divinas.
A água é considerada matéria perfeita, ela cura, purifica, rejuvenesce, conduz ao eterno. A água é utilizada em muitas religiões e tem um desempenho preponderante nas várias religiões pelo seu poder purificador, que a utilizam em seus rituais, no Cristianismo, por exemplo, é utilizada no batismo para que se possa reproduzir o renascimento, para purificar dos pecados e ter uma nova vida. Acredita-se na água benta que é considerada como uma espécie de medicação espiritual. Por outro lado, no Novo Testamento, a “água viva” ou a “água da vida” representa o espírito de Deus, isto é, a vida eterna. No Islamismo todas as mesquitas possuem uma fonte de água, normalmente uma fonte, para esta ablução. Por fim, o último tipo de purificação diz respeito às situações em que a água escasseia – nesse caso os Muçulmanos usam areia para a lavagem. Os Judeus usam a água para lavagens rituais com o objetivo de restaurar ou manter um estado de pureza. A lavagem das mãos antes e depois das refeições e nos enterros também é obrigatória.
No Hinduísmo, o Rio Ganges é uma das maiores referências, é personificado como uma deusa. Em outras tradições deuses e deusas são mencionados nas nascentes dos rios e dos lagos.
Para os Hindus, a água está imbuída de poderes de purificação espiritual, sendo a limpeza matinal com água uma obrigação diária. Todos os templos se situam perto de uma fonte de água, e os crentes têm de se banhar antes de entrarem no templo.
Muitos lugares de peregrinação encontram-se nas margens de um rio, sendo que locais de confluência de dois ou até três rios são considerados particularmente sagrados.
No Espiritismo água que as pessoas utilizam no estudo (culto) do evangelho no lar tem por objetivo a fluidificação da água, ou seja, sua magnetização com fluidas (energias) mais puras. Neste caso a água recebe as energias doadas pelos amigos espirituais e ajuda no equilíbrio do corpo físico e espiritual de quem ingeri-la.
Nas religiões Afro a água tem um grande significado, ela representada como um dos principais simbolismos nos banhos, pois é o elemento que deve ser oferecidos a todos os Orixás e pelo seu poder na natureza é considerado o sêmen, a fecundidade do sangue branco feminino. KosiOmi Kosi Àse (Axé) expressão da língua yorubá que traduzido significa “sem água não existe vida, energia ou força vital”. As matrizes africanas veneram as águas como manifestação maternal do amor divino. Na cidade de Salvador – BA, acontece no segundo domingo depois do Dia de Reis no mês de Janeiro, a lavagem do Bonfim, baianas despejam água de cheiro nos degraus da Igreja ao som de toques e cânticos de caráter afro-religioso. Nas crenças indígenas, o pajé Krenak lembrou que “para a maioria das culturas indígenas, a água é considerada um espírito, que concede a vida a todos os seres que a rodeiam. Os indígenas reverenciam a água como morada dos espíritos e alguns acreditam até mesmo que o ser humano é oriundo das águas.
Quarto Setor – Lavando a alma
Mergulhados nas mais cristalinas águas, viajemos pelo universo da origem da vida, berço de toda uma civilização, pelo reino do senhor Supremo do fundo do mar, pelos mistérios, magias e encantos das águas. Com o corpo banhado, protegidos pelos seres marítimos e revigorado de toda impureza, a Acadêmicos da Abolição Lava a Alma na Intendente Magalhães.
Autor: Beto Botelho
Roteiro do Desfile:
1º Setor – A Origem da Vida
Comissão de Frente – Fonte da Vida
Ala 01 – Águas Cristalinas
1º Casal de MS/PB – Água – Proteção da vida
Ala 02 – Seres Encantados (Peixes e Crustáceos)
Destaque de Chão
Ala 03 – Plantas Aquáticas
Carro 1 – ABRE ALAS – O Reino de Poseidon
2º Setor – Mistérios e Lendas
Ala 04 – Conto de Pescadores
Ala 05 – Índia Naiá
Destaque de Chão
Ala 06 – Vitoria Régia
Ala 07 – Boto Rosa
Ala 08 – Iara – passistas
3º Setor – Águas de Fé e Simbolismo
Ala -09 – Filhos de Gandhi – Bateria
Ala 10 – Purificação (Oxalá)
Destaque de Chão
Ala 11 – Lavagem do Bonfim (baianas)
Ala 12 – Oferendas – Iemanjá
Alas 13 – Oxum
2º Casal de MS/PB
4º Setor – Lavando a Alma