Publicado por Oriunda de uma comunidade recém-formada em Jacarepaguá, quando favelados da Zona Sul e outras áreas, parte da favela Parque da Gávea, foram deslocados para a Cidade de Deus, a nova escola de samba surgiu da junção dos blocos Império da Gávea e Segura Gente e logo ganhou o nome da localidade (Acadêmicos da Cidade de Deus).
O B. C. Segura Gente foi fundado pelo sambista do Estácio Wanderley Caramba em 1966. Mais tarde, preferiu terminar com o bloco carnavalesco, sugerindo aos seus amigos compositores criar a Escola de Samba, contando com o apoio do Presidente da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Sr. Amauri Jório, Dr. Jordano da Cehab, jornalista Sr. José Carlos Rego, e os compositores Theodoro, Campista, Terezinha Carambola, Ivan Ceninho e outros como Presidente, Wanderley Caramba. Foi nomeado o Sr. João Lima para escolher as cores da escola, ficando o seu pavilhão com as cores vermelho e branco.
A agremiação foi fundada no dia 29 de março de 1970. O seu primeiro Carnaval foi em 1972 desfilando na Praça XI no Grupo 3. O enredo apresentado foi “Favela em si” de autoria do Sr. João Lima, já falecido, ficando na 9ª colocação.
Em 1976, afastou-se da agremiação o presidente Wanderley Jorge Euzébio da Silva, retornando em 1981 como primeiro fundador eleito a presidente executivo e carnavalesco, tendo como principal finalidade tirar a agremiação da séria crise financeira, administrativa e carnavalesca.
Seu carnaval para o ano de 1982, tem como enredo “A voz do Povo” de autoria de Wanderley Caramba. A escola desfilou no Grupo 2A (3ª divisão) na Av. Rio Branco.
Carnaval de 1982
Enredo: A VOZ DO POVO
Desfile: 1ª Escola a desfilar no Grupo 2A (AESCRJ) em 21/02/1982, Domingo, Av. Rio Branco, Centro, Rio de Janeiro, RJ
Resultado: 11ª Colocada no Grupo 2A com 153 pontos
Quadra de Samba Salvador Batista
Sede: Av. Edgard Werneck, 1.601, Cidade de Deus, Jacarepaguá, Rio de Janeiro, RJ
Presidente: Wanderley Jorge Euzebio da Silva “Wanderley Caramba”
Figurinista: Wanderley Jorge Euzebio da Silva “Wanderley Caramba”
Carnavalesco: Wanderley Jorge Euzebio da Silva “Wanderley Caramba”
Diretor de Carnaval: Paulo Elieser “Paulinho”
Diretor de Harmonia: Higino Jovino Ferreira “Ceninho”
Mestre-Sala: Luiz Carlos A. da Silva “Luiz Carlos”
Porta-Bandeira: Cleuza Odete da Silva Santos “Preta”
Mestre-Sala: Victor Azevedo Frando (Franco)
Porta-Bandeira: Nadir da C. Silva
Diretor de Bateria: Caetano
SAMBA
Autores do Samba: N/C
Intérprete: Cascavel
Nesta Avenida colorida / O Acadêmicos vem apresentar:
“A VOZ DO POVO” / Nesta festa popular
Imprensa falada, escrita e televisada / Grandes meios de comunicação
Que fizeram do nosso carnaval / Orgulho desta Nação
(Vou cair na folia) Vou cair na folia / Contagiante de alegria
Hoje não me importa a inflação / Quero de Janeiro a janeiro,
Ouvir o som da viola, / E o ritmo do pandeiro
Pipas grandes, bailam pelo ar
Vou ao Maracanã, meu time vai jogar
Dança de quadrilha / Vou soltar balão / É noite de festa, / É São João
Baianas dando aquele visual / Enriquecendo nosso carnaval
Negros jogam capoeira / Ao som do berimbau
A Inconfidência Mineira / Se faz presente / Nesta festa Brasileira
Na Igreja do Bonfim, a seita do candomblé
Os fiéis levam flores pra a festa do lava-pé
SINOPSE
VOZ DO POVO
IMPRENSA FALADA, ESCRITA E TELEVISADA
Abrimos o nosso desfile com o enredo “A VOZ DO POVO”, com as TVs brasileiras, rádios, jornais e revistas, em formas alegóricas e fantasias, reportando o nosso Carnaval desenvolvendo assim:
CARNAVAL
O povo, seu apego as raízes mais profundas do Carnaval, transcendo ao samba, apoteose do Rio, Capital da folia, descontração e vida artística e o bom humor carioca, com suas praias e pipas, esquecendo a inflação que as afligem o ano inteiro com o problema social.
Num verdadeiro monumento vivos multicor em movimento rituais e sensuais, sobre os ritmos eloquentes dos seus instrumentos, e gingados das baianas fascinando de esplendor, cantigas de empolgação na passarela famosa num deslumbrante espetáculo visual de luxo fantasias e criatividades alegóricas, o povo grita, ri e canta um sonho colorido, show de beleza, que enche os olhos da multidão numa manifestação de alegria, a voz do povo que constitui patrimônio, samba carioca cultura brasileira.
Reportando “A VOZ POVO” homenageamos a nossa língua portuguesa, o nosso idioma o Zé Pereira que inovou o ritmo do surdão denominado Zé Pereira. Lembramos o Português de hoje que tanto tem feito pelo samba e tantas glórias tem trazido a Portela da águia altaneira.
FUTEBOL
Numa coreografia bem criativa entre bandeiras de cores variadas retrata-se a euforia e o entusiasmo do nosso futebol dos torcedores que vibram, discutem e lembram a seleção brasileira, os canarinhos, onde se destacaram os gigantes, nossos ídolos, a genialidade do futebol brasileiro.
FOLCLORE SÃO JOÃO
Reportando o Carnaval – Ouviu-se os estouros de fogos e a Festa Junina, seus arraiais ornamentados de bandeirinhas, as danças de quadrilha e o solta balão. Festa Junina, dia de São João, o povo extravasa de alegria, numa coreografia de variadas cores.
A MULHER BAIANA
Homenageamos a mulher baiana dos quitutes, tão famosa no visual do carnaval carioca num cenário deslumbrante.
A INCONFIDÊNCIA
Retratamos também o importante movimento da Inconfidência Mineira, reação dos patriotas, e sentimento de liberdade.
O dia batizado “A VOZ DO POVO”.
FESTA DO SENHOR DE BONFIM DA BAHIA
Como passo de mágico deslumbra a Bahia, com suas festas, Lavagem do Senhor do Bonfim, os fiéis em romaria lavam a igreja do Senhor do Bonfim, as baianas com suas vestes brancas, com jarro a cabeça e muitas flores, a canto alegres sobre o som do Berimbau, pandeiros e agogôs.
Os terreiros entoam cantigos religiosos das seitas de camdomblé, atabaques são ouvidos a distância, os Orixás baixam e os Ogans saúdam.
Autor do Enredo: Wanderley Jorge Euzebio da Silva “Wanderley Caramba”
Em 1982, após o insucesso no Carnaval no Grupo 2A, a escola troca o nome para Mocidade Unida de Jacarepaguá e também suas cores passando da vermelha e branca para azul e branca. Logo no seu primeiro Carnaval com o novo nome e cores em 1983, ela foi campeã do Grupo 2B (4ª divisão) apresentando o enredo “Profecia de Ifá, uma história de amor”, dos carnavalescos Antônio Carbonelli, Gibi, Agnaldo e Wanderley Caramba, desfile na Av. Rio Branco.
Depois de sete anos, a Escola de Samba Mocidade Unida de Jacarepaguá voltou a ter o antigo o nome, que a fez famosa entre as comunidades do samba: Acadêmicos da Cidade de Deus. A decisão da diretoria, acatada por todos os integrantes, tem como objetivo mostrar o que ela tem de melhor: animação e samba no pé.
Emocionante foi o desfile simbólico da escola no ano de 1996 no Grupo B. Naquele ano, os moradores da Cidade de Deus sofreram com as enchentes devido às chuvas, atingindo por completo toda a comunidade e, consequentemente, o carnaval da agremiação. A escola passou pela Marquês de Sapucaí com apenas um único surdo e com faixas retratando a dor e o sofrimento da comunidade. Foi a última vez que a escola desfilou no Sambódromo (Reprodução do site da AESCRJ). O belo samba “Quilombo dos Palmares, um Paraíso Negro”, dos compositores Santos Melodia, Frank Santos e Mário Flor, interpretado por Antônio Carlos, não foi apresentado na avenida na ocasião. “Como poderíamos cantar depois de tanta desolação?!”
Em abril de 2012, a escola muda novamente seu nome e passa a se chamar Mocidade Unida da Cidade de Deus, a pedido da comunidade.
A Mocidade Unida da Cidade de Deus apresentou o enredo “Assombração dos sete mares – O navio fantasma“, no Carnaval de 2013. O enredo de autoria do carnavalesco Leandro Mourão e de Thiago Meiners tratou do escritor e compositor alemão Wilhelm Richard Wagner com enfoque no espetáculo a ópera “O Navio Fantasma“, referência no mundo cinematográfico em filmes como “Piratas do Caribe” e “O Navio Fantasma“.
A agremiação desfilou no Grupo C, na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho, e terminou na 4ª colocação. O samba-enredo é dos compositores: Ricardo, Almir da Barraca, Dudu e Mauricio Amorim, interpretado por Léo Simpatia.
Em 2014, a escola apresentou o enredo “Façam suas apostas: esse jogo vai mudar seu destino!” e foi 10ª colocada do Grupo C na Intendente Magalhães.
Em 2015, o enredo apresentado pela escola foi “Cidade de Deus conta e canta a lenda da noite!” e terminou na 7ª colocação do Grupo 3.
Em 2016, a escola cantou os cinquenta anos da Cidade de Deus no enredo “Cidade de Deus – É o maio barato, 50 anos da nossa própria história”, do carnavalesco Maurício Machado. A agremiação ficou na 10ª colocação.
Para o Carnaval de 2017, a Mocidade da CDD falou sobre a Avenida Rio Branco “Da Avenida Central à Rio Brando do Carnaval”, do carnavalesco Guto Carrilho. A escola ficou no 14º lugar do Grupo D.
De 2018 a 2020 a azul e branco da Cidade de Deus desfilou no último grupo do Rio de Janeiro e não fez bons carnavais.
“A VOZ DO POVO” elegeu nova direção à Mocidade Unida da Cidade de Deus no início do mês em busca de dias melhores…
Pois “A VOZ DO POVO” é a Voz da Cidade de Deus!
Bom trabalho à nova administração!
Por Marcos Guerra Couto
Fontes:
Blog Samba na Intendente
Arquivo Nacional
Jornal Nosso Bairro Jacarepaguá, Edição nº 90, Fevereiro/2015, Ano VII, fl. 15
Galeria do Samba
Jornal O Globo, RJ
Mocidade Unida de Jacarepaguá 1996
Canal do YouTube Daniel Marques