FBCERJ/GRUPO C – Confira a Sinopse da Independente de Nova América

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CARNAVAL 2020

FBCERJ / GRUPO C

GRÊMIO RECREATIVO BLOCO CARNAVALESCO INDEPENDENTE DE NOVA AMÉRICA

Presidente – Reginaldo Joaquim Alves de Albuquerque

Ordem no Desfile – 3º Bloco de Enredo a desfilar

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Enredo: A HIDRA DE IGUAÇU: OS QUILOMBOS COMO RESISTÊNCIA CONTRA A ESCRAVIDÃO E O RACISMO

Carnavalesco – Lincoln Gusman Júnior

No carnaval de 2020, o Bloco Carnavalesco Independente de Nova América traz para a avenida o enredo A HIDRA DE IGUAÇU: OS QUILOMBOS COMO RESISTÊNCIA CONTRA A ESCRAVIDÃO E O RACISMO. Esse enredo é um chamado a todos para uma viagem na avenida sobre a história da luta do povo negro na cidade de Nova Iguaçu, que foi chamada outrora de Vila do Iguaçu e Maxambomba, e traz na sua história uma grande luta de resistência contra a escravidão e contra o racismo no século XVIII e XIX até os dias atuais.

Aqui em nossa região desembarcaram no porto de Iguaçu, que está localizado na região de Iguaçu velho, milhares africanos escravizados. Esses africanos foram responsáveis por construir o progresso da cidade que se tornou no século XX a maior exportadora de laranja do mundo. Nova Iguaçu é hoje uma das maiores cidades do Brasil, com uma população de quase um milhão de habitantes.

Ainda no século XIX foram erguidos diversos patrimônios históricos, entre eles a Fazenda São Bernardino e a senzala. Os portugueses que dominavam o Brasil não reconheciam os negros como sujeitos e os escravizavam. Os negros escravizados se libertavam e formavam diversos quilombos na região lutando pela sua liberdade e organizando núcleos e comunidades Quilombolas inspirados em seu líder máximo Zumbi dos Palmares.

Os quilombos no Brasil eram no período da escravidão o local onde os escravos que fugiam das propriedades tomadas pelos colonizadores, se organizavam e formavam um espaço social com regras e formas de viver própria, resistindo ao racismo, à escravidão e à intolerância religiosa, já que nas fazendas não podiam adorar seus deuses.

O nome quilombo provém do quimbundo kilombo que traduzido quer dizer: acampamento, arraial, povoado. O nome tornou-se conhecido no Brasil no século XVII, quando o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi dos Palmares no atual Estado de Alagoas foi atacado várias vezes por forças portuguesas e durante a ocupação Holandesa por suas forças militares.

Quilombos no atual município de Nova Iguaçu

Na região de Nova Iguaçu, desde o século XVII e XVII há presença de quilombos na região que viria a tornar-se o território da Vila de Iguassu, criada em 1833. As primeiras fazendas de cana de açúcar, com seus engenhos, já existiam no século XVII, onde a presença do trabalho escravo africano era imprescindível. Mas, será no século XIX que as primeiras notícias sobre Quilombo irão surgir.

Uma área de Iguaçu em que desde 1825 há notícias da presença de quilombolas é a região de mangue nas proximidades da Foz do rio Iguaçu e do rio Sarapuí. Esses quilombolas eram provenientes das freguesias de Iguaçu Jacutinga e Pilar.

Mas, foi na década de 1850 que um quilombo nessa área de pântano incomodou muito o governador (presidente da província), e seu subalterno, o chefe de polícia da corte, que promoveram um ataque a esse quilombo com uma tropa de policiais da corte e praças das freguesias citadas: Iguaçu Jacutinga e Pilar. Esses quilombolas extraíram lenha dos mangues e das matas próximas ao Rio Iguaçu e o rio Sarapuí e vendiam ou trocavam por mercadoria e aguardente com os taberneiros locais. Esses faziam seus escravos transportarem as lenhas para a corte, onde havia grande procura desse produto.

Um dos motivos para as autoridades da corte determinar a extinção desse quilombo foi o assassinato em 1856, de um português que explorava lenha no rio Iguaçu para um comerciante da corte. A partir desse assassinato, iniciaram-se as investigações que descobriram as relações desses quilombolas com os taberneiros, mas esses nunca foram punidos ou perseguidos pelos representantes da lei.

No final de 1859, as tropas deslocaram-se pelos manguezais próximos a fazenda dos Beneditinos. Um quilombola que recolhia água nas margens do rio Iguaçu percebeu a aproximação da tropa e deu o alarme, já combinado entre eles. Preso, esse quilombola foi obrigado a guiar os policiais até o local onde havia oito ranchos (abrigos) e dezoito (tarimbas – cama de madeira trançadas dos quilombolas), que haviam fugido.

Durante os próximos meses foram perseguidos, presos em pequenos grupos e submetidas aos “autos de perguntas”, em que eram obrigados a responder quem eram seus proprietários, e para onde haviam fugidos os outros quilombolas e principalmente queriam saber quem matou o português concorrente dos negócios com lenha. Descobriram que fora Luiz que o matara. Luiz era líder dos quilombolas do Rio Iguaçu e era crioulo, ou seja, escravo nascido no Brasil.

Mas esses local próximo aos rios Iguaçu e Sarapuí não foi o único onde haviam quilombos em Iguaçu. Na década de 1870 houve denúncia da presença de quilombolas na serra de Tinguá. Outro local onde certamente houve quilombola foi no maciço de Gericinó. É conhecida por várias pessoas a Pedra do Quilombo, hoje chamada de Pedra da Contenda. Em 1876, outro ataque de policiais também dizimou dois quilombos nas proximidades do Rio Iguaçu, também em área de pântano ou mangue: o quilombo do Bomba e do Gabriel. Esses quilombolas também exploravam a extração de lenha, dois deles foram presos numa canoa nas proximidades do cais do porto do Rio de Janeiro. Depois dos violentos “autos de perguntas”, indicaram a localização dos outros quilombolas.

Dois anos depois, o Ministro da Justiça ao saber que na região dos manguezais de Iguaçu havia outros quilombos. Ele então declarou que os quilombos eram semelhantes à fábula da Hidra de Lerna. Conta a mitologia grega que, nos pântanos de Lerna, habitavam uma monstruosa hidra, tal criatura uma espécie de serpente com várias cabeças parecia indestrutível a todos que ousavam enfrentá-la, pois para cada cabeça de hidra cortada surgia outras duas.

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