Unidos do Cabuçu divulga sinopse do Carnaval 2024

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A Unidos do Cabuçu acaba de divulgar a sinopse do enredo “Será que sempre deu camelo na cabeça?”, de Luiz Carlos Magalhães e desenvolvido pelos carnavalescos Paulo Henrique Germano e Leonardo Soares, para o desfile na Série Bronze, no Carnaval 2024.

A sinopse desta viagem verossímil pela história do jogo do bicho será explicada e entregue aos compositores interessados na próxima quinta-feira, dia 27 de julho, na quadra, na Rua Araújo Leitão, 925, às 20 horas.

Haverá dois dias para o tira-dúvidas: 10 e 24 de agosto, das 19 às 22 horas, na quadra da azul e branco. Haverá dois dias para o tira-dúvidas: 10 e 24 de agosto, das 19 às 22 horas, na quadra da azul e branco.

As obras deverão ser entregues, impreterivelmente, no dia 30 de agosto, até as 22 horas. O concurso para a escolha do hino oficial está assim programado: primeira eliminatória, dia 10 de setembro, das 14 às 23 horas; segunda eliminatória, dia 17 de setembro, das 14 às 23 horas; terceira eliminatória, dia 24 de setembro, das 14 às 23 horas; e a grande final, dia 01 de outubro, das 14 às 23 horas.

A ordem de apresentação dos sambas será definida por sorteio, a ser feito uma hora antes do início da disputa, com os compositores participantes e a diretoria da Unidos do Cabuçu.

ENREDO 2024

SERÁ QUE SEMPRE DEU CAMELO NA CABEÇA?

SINOPSE:

Pouca gente sabe, mas há mais de três mil anos atrás já existia no mundo Árabe entre os Muçulmanos um jogo chamado “luaba az-azhar”. Para nós aqui, este nome está associado à má sorte, azar é “az-azhar”, é má sorte.

Mas para os Muçulmanos não era bem assim, “az-azhar” significa flores. Por lá ninguém poderia associar flores a azar. Mas os meninos Muçulmanos já jogavam um jogo com dados dentro de um cone de couro, com cada flor ocupando cada face do dado.

Um dia perdido no tempo, os Árabes medievais ocuparam a Península Ibérica e ficaram por lá cerca de oito séculos. Nós por aqui fomos ocupados por Portugueses por mais de cinco séculos e nossa cultura se misturou com valores Portugueses, Indígenas e Africanos, uma mistura cultural.

Imaginemos os Ibéricos com os Árabes durante séculos. Desta misturada Ibérica, dentre tantos valores, dentro desse caldeirão cultural ÁrabeIbérico, o item que nos interessa aqui é um mero joguinho de dados, um joguinho Árabe que migrou para Península Ibérica entre tantos e tantos jogos peças, fatos, histórias e lendas.

O tal joguinho que nos interessa nesta avenida colorida é o já citado “luaba az-azhar”, o Jogo das Flores, que tanto nos marcaria, no povo carioca e brasileiro, por mais de um século, desde a Proclamação da República até nossos dias.

Das terras Árabes para a Península Ibérica, lá foi junto o nosso Jogo das Flores, “luaba az-azhar”. Com a colonização da América Espanhola pelos Espanhóis em 1542, os valores culturais Ibéricos chegam à parte do continente voltado para o Oceano Pacífico, região ocupada por vários países Hispânicos, mas apenas um nos interessa agora nesta Avenida colorida, o México.

Do México, uma família especial nos interessa, a família Cevada. Vinda do México para o Rio de Janeiro trazendo resquícios da cultura Árabe Ibérica e América Ibérica, o “luaba az-azhar” e o Jogo das Flores.

Enquanto isto, quando findava o século XIX, o astuto Barão de Drummond, amigo da família imperial, dotava a cidade com o primeiro bairro planejado, a Vila Isabel. Empresário do ramo imobiliário e de transportes, criou um bairro moderno com saneamento, planificação e transporte. Mas faltava o lazer e novos moradores. Para tanto criou o Jardim Zoológico cuja área hoje é um parque público de lazer popular ainda em Vila Isabel.

Mas era ali a grande novidade da cidade do novo bairro, o Jardim Zoológico, com todos aqueles animais mantidos com generosas verbas públicas obtidas por seu bom relacionamento com autoridades ainda imperiais, afinal não eram poucas as despesas cercadas por tantas bocas famintas. Com o advento da Proclamação da República em 1889, a fartura de verba teve fim e o Barão ficou então sem ter como manter o seu tão prazeroso quanto custoso empreendimento.

E assim as duas histórias, das flores e dos bichos, se encontram com a família Mexicana, a família Cevada e a Família Drummond que há um século está aí até hoje entre nós alcançando todo o país e influenciando nosso carnaval. Antes jogado como um cone de couro, depois com dados marcados com flores, hoje jogado a partir de sonhos e palpites com resultados expostos nos postes e na internet.

Cevada mantinha seu Jogo das Flores, com dados marcados por flores na Rua do Ouvidor já na Belle Époque Carioca. Cevada e Drummond se encontram e adaptam seus jogos e interesses, adaptando o Jogo das Flores ao Jogo do Bicho. Não sabiam que o Jogo das Flores nada mais que o “luaba azazhar”, mais que milenar, vindo lá das Arábias, do extenso mundo Muçulmano, que amadureceu na Península Ibérica e conquistou a América Espanhola ia parar na Rua do Ouvidor e de lá para Vila Isabel.

Com a morte do barão em 1897, os operadores não autorizados, não regulados e também foras da lei, assumem o jogo com bancas em botequins, armazéns e quitandas, dando origem aos “Bicheiros” de todas as partes, popularizando assim a única oportunidade de o povo ganhar seu “dinheirinho” interpretando seus próprios sonhos e a realidade do dia a dia, fazendo sua “fezinha” diária.

E foi assim que se deu o jogo, deu mais do que certo. As flores transformaram-se em bichos e o Jardim Zoológico voltava às suas atividades.

Dando essa volta secular, com fatos históricos reais, com desdobramentos mais que verossímeis, será que podemos imaginar e carnavalizar o fato de o Jogo dos Bichos, que deu origem naquele medieval Jogo das Flores Muçulmano e que durante tantos e tantos séculos vem dando camelo na cabeça e nem sabíamos disso?

Luiz Carlos Magalhães

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