Confira a Sinopse da Flor da Mina para o próximo Carnaval

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Carnaval de 2024

Sinopse da Flor da Mina do Andaraí

“RENASCENÇA CLUBE – Quilombo Urbano da Resistência Negra”

“É negra a cor, é negro o pensamento, é negra a arte, é negro o amor, é negra a esperança… o futuro é negro!”

Imagina um lugar que abriga que abraça e nos alimenta de ancestralidade… Seria assim, um terreiro para se libertar, um palácio para transcender, uma terra para resistir com um pé de carambola para renascer e ser feliz. Imagina tudo isso ser um clube regido por Deuses do Ébano?

Pois é neste que se faz história e refaz a história dos povos que vieram de lá… Continente mãe… África… Mãe de todos os povos habitantes da terra!

Pouco mais de meio século após a independência e inauguração da República Federativa do Brasil, estes “Deuses do Ébano”, diante da “Burguesia Alva Carioca”, fundava no Lins do Vasconcelos um clube… um Quilombo regido majoritariamente pela força negra feminina, onde os valores era o amor fraterno, educação, as artes, o esporte, a união, o espírito de solidariedade. Proibidos de frequentar os clubes da Elite Branca Carioca, desmascarando a falácia do mito da Democracia Racial que, na verdade era representação da Apartheid à moda brasileira, buscaram inspiração no movimento americano Harlem Renaissance… para criar o Renascença Clube, o espaço da Elite Negra Intelectual.

Tendo como símbolo a Flor-de-lis, marca heráldica dos Brasões Aristocráticos, o clube emanava, de fato, a energia dos “letrados de cor”. Tamanha foi sua importância na época que o espaço no Lins ficou pequeno, sendo assim partiram rumo ao Andaraí, nas vizinhanças da terra do poeta Noel e da Princesa Isabel, a dita redentora da tal Abolição.

“Abolição? Que Abolição? Eis a questão, nas fábricas das terras de Dondon era o sangue e o suor negro que alimentava, em larga escala, a produção! Antes escravos das terras de “Andhyrai”, agora operários das grandes indústrias fabris! ”Em tempos de Ditadura, os soldados marcham para reprimir e o nosso povo se refaz em músicas e poesias, pois a Liberdade ainda era um sonho. Quis Olorum que os Deuses do Ébano fincasse a raiz da Resistência Negra aqui. Era a missão! E o Andaraí da Flor da Mina, a Flor de Liz passou a produzir e a realizar práticas rumo à conquista da verdadeira democracia racial.

O “Rena”, carinhosamente chamado por seus amigos, amores e amantes, se tornara um terreiro de grande feitos de empoderamento negro. Do chá da tarde, ao som de músicas clássicas e encontros literários o clube aspirava moldes Burgueses protagonizado por gente de cor. Exaltou a beleza deste povo, exibindo para a sociedade o orgulho de ser Negro através da estética feminina. Miss Suéter e Miss Renascença… Tantas foram as Misses que esbanjaram suas belezas diversas e revelaram mulheres monumentais nas passarelas da era de Ouro das Mulatas Cariocas, sendo Vera Lúcia a estrela maior da Miss Guanabara, Brasil e Internacional. O poder feminino negro era uma marca do “Rena”.

Dançar e cantar como um “Tornado” ao som da Black Music foi o seu grande momento. Tony deu ar da graça nos Bailes do Shaft, onde a Soul Grand Pix dava o tom na pista de dança. Tempo bom, Black Power, negro bem apessoado, estética negra americana importada, orgulho negro em batidas e remixagens, DJs nos picapes e comunidade negra unida, eram passos ritmando as reflexões, era o movimento Black Rio em surgimento, no firmamento, em alto estilo e bom som.

De um bailado para o outro, salve os grandes Bailes do Sarong, Azul e Branco e Havaí, que desbancaram as tradicionais festas de carnaval da Zona Sul, trazendo para o Subúrbio do Rio a excelência dos Carnavais dos Clubes.

Orpheu, tão lindo e tão Negro, de Vinicius e Tom, do mestre Haroldo e Luiz Carlos, encantou o público numa encenação histórica para o teatro negro brasileiro. Orpheu, o Zózimo, e Eurídice, a Zezé, personificaram o amor e a tragédia, o drama e a beleza, performances de um elenco essencialmente Preto no palco do Renascença Clube.

Mas Renascença também é esporte. A bola rolava na quadra, no seu tradicional Futebol de Salão e tirando as Crianças das Ruas foi preciso correr com o Rei das Pistas Robson Caetano num projeto social inovador de atletismo. Hoje a Ginástica Rítmica é o grande salto para o futuro e brilha nas arenas internacionais.

No “Fundo do quintal” do Rena para as páginas do New York Times, o pagode reinou nos Festivais. “Só Preto Sem Preconceito” e tantos grandes talentos do samba foram revelados no Festival dos Conjunto sem décadas passadas.

“Olha samba Sinhá vem sambar Ioiô, que esse samba é pra valer, o samba que a gente não perde o prazer de cantar”

E o Samba do Trabalhador postergou a tradição do Partido Alto e fincou mais uma vez no território de raízes ancestrais os batuques que vieram de África, para o delírio de todas as cores, raças e tons, vindos dos mais variados lugares do mundo, dando “Luz” a nossa capacidade de ritmar poesias com cavaco, pandeiro, tantã, tamborim, surdo, agogô, sem perder o compasso no canto e na palma da mão.

“Esse samba é pra você, vida da minha vida, diga pra onde eu vou…”

Vamos festejar… A resistência do Septuagenário Clube, casa de grandes Artistas, Filósofos, Juristas, Pensadores, Literários, Escritores, de gente comum, de gente da gente, gente feliz… A famosa feijoada não pode faltar… É das boas aquelas que se faz por lá… Tem Cinema, tem Teatro, tem Feira, tem Capoeira, tem movimento negro de segunda à sexta-feira. Vou saudar Dandara e Zumbi e tantos outros mártires da nossa resistência, sem esquecer-se de fazer reverência e pedir a licença a nossa Rainha Tia Nanci.

Neste Carnaval vamos unir dois Quilombos Urbanos numa passarela, será um só Andaraí, do morro e do asfalto, de Negros e Negras que valem mais que “Ouro”, porque são “Especiais”. Quilombos que um dia foram silenciados e fechados, pelo sistema que não querer nos ver felizes. Mas a cultura derruba o sistema e as flores, a “de Liz” e “da Mina”, renasceram e floresceram. E como Sankofa, olham o passado, recuperam as suas memórias e caminham para o futuro, lutando juntas para que um dia todos possam gozar da real liberdade e de direitos iguais.

Este é o nosso carnaval de 2024… A história de um Quilombo Urbano da Resistência Negra!

@superligacarnavalescadobrasil
@renascencaclube
@renacultural
#carnaval2024 #flordaminadoandarai

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