SÉRIE DE ENTREVISTAS COM OS CARNAVALESCOS DA INTENDENTE MAGALHÃES

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Luiz di Paulanis – Carnavalesco da Lins Imperial que desfilará no Grupo C em 2016

Enredo: TUDO ISSO É BRASIL! (Reedição de 1997)

  1. Como é fazer carnaval na Intendente Magalhães?

Luiz di Paulanis: É uma dificuldade a cada ano! Somente escolas que possuem ajuda externa conseguem colocar seu carnaval na rua. Depende mais de política, de relacionamentos do que de talento de um ou outro carnavalesco. Mas também é uma escola. Nós passamos por situações surreais onde sacrifícios extrapolam quaisquer limites. Assim, aprendemos justamente até onde podemos ir, do que somos capazes e, não menos importante, quais situações te trazem o mínimo de retorno. Se as autoridades pensassem todo o carnaval de desfile com lógica, as subvenções ou seriam estipuladas de maneira escalonada, onde cada grupo recebesse cinquenta por cento do grupo anterior ou pelo número de desfilantes propostos, seria mais justo e mais digno. Não há diferença entre o desfilante da Intendente e o da Sapucaí. Todos são pessoas trabalhadoras, amantes do carnaval e não há razão para essa pormenorização, que impõe luxo no especial e pobreza extrema na Intendente. Todos são oriundos de comunidades fortes e cada um merece ter sua história respeitada.

  1. Fale-nos um pouco do enredo da escola?

Luiz di Paulanis: A Lins vai reeditar um enredo de 1997, “Tudo isso É Brasil”. Nossa atual leitura fala sobre as condições em que construímos nossa identidade não apenas nacional, mas regional e cultural. Exploramos traços culturais, a aculturação sofrida pelo índio, a adição da cultura portuguesa, negra e mais tarde, os traços provenientes de outros povos, de outras nações, a partir da imigração.

  1. Quais são as expectativas da escola para este carnaval?

Luiz di Paulanis: A escola está empolgada e mais uma vez, tentará o campeonato visando voltar a Marquês de Sapucaí. Pude executar um projeto mais próximo de minha identidade visual.

  1. Como está o barracão da escola (fantasias e alegorias)?

Luiz di Paulanis: Nós adiantamos tudo o que podíamos, mas fomos surpreendidos com uma interdição de quadra em virtude de acústica e ficamos cerca de seis importantes meses sem poder angariar recursos com a quadra. Assim, mesmo com boa parte do material adquirido em junho, ainda nessa reta final temos algumas dificuldades de pagamento de serviços que não podem ser pagos com carta de crédito. Mas 80% tá encaminhado. Nessa próxima semana estaremos adereçando nosso carro e nosso tripé.

  1. Como virá a escola, em relação a nº de alas, componentes, quantos setores serão o desfile?

Luiz di Paulanis: A Lins virá com cerca de setecentos desfilantes divididos em vinte e três alas e cinco setores

  1. Deixe-nos uma mensagem para o povo que acompanha o carnaval da Intendente.

Luiz di Paulanis: Embora extremamente desvalorizado pelas autoridades, o carnaval da intendente ainda é um desfile do e para o povão. Para esse povão é que trabalhamos um ano inteiro e é alegrar a esse povão é o que interessa. Quero deixar aqui dois pedidos: o primeiro, para que o carioca prestigie as escolas da intendente assistindo aos desfiles, fazendo com que sua participação cada vez mais numerosa, imponha sobre as autoridades a necessidade de estruturar o desfile de maneira mais digna para todos. O segundo, para que entendam carnaval como cultura carioca e não como festa da carne, ou outras classificações pejorativas que afastam desfilantes e simpatizantes por razões religiosas e isso afasta a cada ano, mais pessoas do convívio de quadra. Bom carnaval a todos!

Obrigado pela oportunidade!!

Eu que agradeço Luiz di Paulanis pela participação e bom carnaval!

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