GRES FEITIÇO DO RIO
CARNAVAL 2020
Presidente: Antonio Gonçalves
Diretor de Carnaval: Gustavo Stefanoff
Comissão de Carnaval: Daniel Sobral, Antonio Gonçalves, Elídio Júnior e Isaac Neves
Direção de Ateliê e Barracão: Danilo Ramos
Enredo: E AGORA? QUEM PODERÁ NOS DEFENDER?
Está na Bíblia, existiu um paraíso,
sem ganância, sem cobiça, sem um “ser” dominador.
Mas durou pouco, até do barro vir o homem
e do homem vir aquela que, enganada, traiu o Criador.
Está na Bíblia, desde sempre existem cobras,
ardilosas, venenosas, preparadas pra maldade…
que, na surdina, vivem armando suas tramoias,
manipulando a história, corrompendo a humanidade.
Foi assim o final do paraíso
e o surgimento de um planeta dividido pela força e enganação;
que a cada era cria armas, vai à guerra,
na luta por mais terra, riqueza… poder… dominação…
Maracutaias não são tramas tão recentes,
na Grécia até presente foi usado em conflito!
E no Egito, a verdade foi escondida
e, por amor, pôs-se fim à vida, pra fugir do inimigo.
Quem não se lembra daquele falso beijo,
de amigo, companheiro, no alto do Monte das Oliveiras?
Daquela cena, que, prevista em profecia,
terminaria com o Deus Vivo pregado na cruz de madeira?
E aquela história de incêndio na cidade,
em nome da prosperidade, de uma Roma mais moderna?
E aquela ideia de que tudo é sagrado
e a ciência é do diabo, então queima na fogueira?
Se a terra é escassa, já tem dono pros pedaços
e o aumento da riqueza requer um novo trajeto…
É navegando que se foge dos pedágios
e se chega ao Oriente pro troca-troca de objeto.
Mas se errado, o caminho que traçado,
só enganar o ser nativo, iludi-lo com vidrinho.
Toma espelho, toma pano eu quero chão,
dê-me ouro e pau-brasil, coloque tudo no navio.
E se taxada a roubalheira desenfreada,
usa de criatividade pra sonegar o precioso.
Enterra, guarda, oculta, omite, disfarça…
utiliza até o sagrado, esconde tudo no pau oco.
Exploração, dor, humilhação…não ligue, pro esquema,
negro não é gente, negro é mercadoria.
E liberdade de nada lhe adianta,
pois sua sina é servir, ter uma vida severina…
Heróis? Traídos,
morrem no quilombo, morrem na corda, morrem na bala…
nomeiam praças, ruas, becos, vielas… viram feriados, ganham estátuas,
mas com o tempo, eles apagam a sua fala.
Enquanto isso, troca-se voto por tijolo, voto por comida…
até morto, vota no cabresto…
E se o poder não vem no pelo voto, vem no grito. É golpe!
E não venha com protesto.
Toma censura, tortura,
“queima de arquivo”…
“Hora de moralizar o país”, dizem!
“Tempo de ocultar a verdade”, fazem! (Ah, se os pilares da Ponte falassem…!)
E nessa zorra o cidadão é quem mais sofre,
não tem rota de fuga e sempre acaba saqueado.
Enquanto isso o poderoso vende tudo
e vai atrás dos grandes fundos, pegar mais money emprestado.
Depois nos cobra, joga a culpa em juros;
fala de rombo, nas contas e na previdência.
E damos tchau aos direitos sociais
pra viver na miséria, na pobreza, na carência…
Na imprensa só notícia maquiada,
muita história mal contada, muito aplauso pro “patinho”.
Na internet a mentira é deslavada,
pra desfocar a sujeirada e dar tempo pra limpar (“lavar”) o caminho. (“Tem que manter isso aí, viu”!?)
Infelizmente, a história se repete,
em todo canto, toda parte, em toda esquina ou sinal…
Bate uma tristeza saber que neste caos,
nada mais é sério, nem mesmo o nosso Carnaval.
Só não podemos perder a esperança,
temos que seguir em frente, persistir, “ser brasileiro”.
Acreditar que existem “Chapolins”, capazes de ouvir o nosso chamado,
defender a nossa gente e nos tirar desse vespeiro.
Então, “não contavam com a minha astúcia?”
“Minhas anteninhas estão detectando a presença do inimigo”
“Não criemos pânico”, ele “se aproveita da minha nobreza”
Até tu, Judas? “Suspeitei desde o princípio”.
(Texto de Antonio Gonçalves)
(OBS: Imagem meramente ilustrativa, não se tratando da logomarca do enredo. Escolhida por em seu simbolismo trazer um Chapolin em grafite – expressão da arte popular/de rua -, perdido embaixo de um viaduto, aparentemente vazio, tentando entender o que acontece no mundo. Imagem extraída do site:http://streetartsp.com.br/artista/desconhecido/compartilhado-por-cassiobo5-em-oct-11-2015-1225/)
Antonio Gonçalves, presidente do Feitiço do Rio, falou do enredo da agremiação “E AGORA? QUEM PODERÁ NOS DEFENDER?” para 2020.
“Um enredo pesquisado, analisado e pensado cuidadosamente pelos membros que compõem o nosso Departamento de Carnaval – Antonio Gonçalves, Gustavo Stefanoff, Daniel Sobral, Elídio Júnior, Isaac Neves e Danilo Ramos. Um enredo crítico, mas irreverente… necessário para o momento atual e fruto do clamor geral: “E AGORA? QUEM PODERÁ NOS DEFENDER?”!
Nosso enredo passará pelas grandes maracutaias da mitologia e da história, pelas traições e enganações que nós, humanos, fazemos a outros humanos… pelos momentos em que colocamos a nossa humanidade “em cheque”… e gritará por socorro àquele – que, pelo menos, na TV – não dá as costas aos desamparados, desesperados e que clamam por sua ajuda.
Poderia ser Deus, Jesus Cristo, orixás…? Sim, e sabemos que estão ao nosso lado e olhando por nós, mas é Carnaval, então, que venha o Chapolin Colorado! Mito? Não, o atrapalhado herói que nos fez crianças, adolescentes e, hoje, faz-nos adultos felizes!
Na Avenida, “a cobra vai fumar”, pois mostraremos que ainda há jeito e que o velho ditado “o mundo é dos espertos” não é tão verdadeiro assim, pois maracutaias, tramas, falcatruas, enganações só fazem o povo “estar à própria sorte”! No final, a “esperteza” nada mais é do que “burrice”, pois SE ENGANO O POVO E, NO FUNDO, DELE EU FAÇO PARTE, EU TAMBÉM ME ENGANO! Ah…, “não contavam com a minha astúcia”…!!!”
Antonio Gonçalves
Presidente do GRES Feitiço do Rio