CARNAVAL 2020
FBCERJ / GRUPO A
GRÊMIO RECREATIVO BLOCO CARNAVALESCO UNIDOS DO ALTO DA BOA VISTA
Presidente – Sérgio Luiz Moreira Costa
Ordem no Desfile – 8º Bloco de Enredo a desfilar
Enredo: SALVE ELE, SALVE OS BAMBAS, VIVA O CLUBE DO SAMBA!
Carnavalesco – Comissão de Carnaval
Nossa agremiação não traz para a avenida uma biografia, e sim uma homenagem ao nosso samba, a nossa música popular brasileira, a um dos maiores compositores e cantor e seus amigos de parceria. Estamos falando de JOÃO NOGUEIRA e seus amigos do CLUBE DO SAMBA.
Nascido e criado na Rua Magalhães Couto, no bairro do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro, filho do advogado e também violinista João Batista Nogueira e irmão da compositora Gisa Nogueira, desde pequeno se encantou pela música, pois além de sua irmã ser compositora, seu pai tocava com o Conjunto Regional de Rogério Guimarães, que era violinista de Noel Rosa, onde toda a sua infância foi crescer e conviver rodeado de muita música e a presença dos amigos de seu pai, como por exemplo: Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga, João da Baiana, Noel Rosa e outros gênios da música popular brasileira.
Logo cedo, aos quinze anos, começou a compor com sua irmã Gisa Nogueira para o Bloco Labareda do Meier, tradicional bloco da Zona Norte, próximo de sua casa no Meier, além de sua família ser portelense, ali começava sua história, onde veio a conhecer outros bambas do mundo do samba, como o amigo Moacir Silva, que logo o ajudou a gravar seu primeiro samba, ESPERE O NEGA, pois Moacir era dirigente da Gravadora Copacabana. Logo em seguida, 200 PRÁ LÁ, último sucesso emplacado na voz de Eliana Pitmam, pois o samba defendia a politica de expansão de nossa fronteira marítima ao longo de 200 milhas da plataforma continental, este também veio a ser destaque da revista AMÉRICA na TIME.
A partir daí, João começava a trilhar pelo caminho de suas composições. Foi então que outros artistas da época começaram a gravar seus sambas, tais como: Elizeth Cardoso, com CORRENTE DE AÇO no disco FALOU E DISSE e a música BETO NAVALHA, regravada por Martinho da Vila e Elis Regina com EU HEIM ROSA, dentre outros. Foi em 1974, em seu disco E LÁ VOU EU, que chamou a atenção da crítica e do mercado fonográfico do Reino do Samba, pois João, naquele momento, lançau sua parceria com Paulo César Pinheiro, Zé Catimba (o genial compositor da Imperatriz), sua irmã Gisa Nogueira, dentre outros.
Foi então que todos os que cercavam o mundo do samba ficaram embevecidos com a novidade, pois não se viam parcerias na época.
João Nogueira começou a expandir ainda mais suas amizades e ganhando respeito por todos que eram do anonimato e todos aqueles que já faziam sucesso, e assim foi um disco atrás do outro, música e músicas emplacando sucesso em toda sociedade e mídia.
Além das parcerias, outro fator de destaca em seus discos era a maneira de valorizar e homenagear seus amigos e amigos de seu pai. No disco VEM QUE TEM, destaca-se uma homenagem à Natal, NÃO TEM TRADUÇÃO a Noel Rosa, Wilson Batista e Geraldo, além de ESPELHO, onde homenageia seu pai João Batista NOGUEIRA.
Além de cantor e compositor, João era apaixonado por futebol. Quando pequeno foi boleiro, frustrado por sofrer uma contusão, motivo que interrompeu o seu sonho de ser jogador de futebol. Era torcedor do Flamengo e não perdia um clássico no Maracanã. Ele era encantado com a antiga geral, para ele, todas as misturas de raças e povos estavam ali. João era do povo, e com isso dizia sempre que dali, sempre rodeados de seus amigos, tirava proveito e inspiração para muitos de seus sambas.
Outra paixão era a sua PORTELA, que já vinha de berço, foi com sua composição É SAMBAR NA BELEZA DE SEU CARNAVAL que ele encantou e foi convidado a participar da Ala dos Compositores de sua escola querida, samba esse que veio a ser de apresentação da Ala dos Compositores por muito tempo. Ali, suas amizades ganhavam, ainda, mais reforços para as suas parcerias. Foi quando conheceu outros gênios do samba e ficando, cada vez mais respeitado no mundo fonográfico, logo em seguida, além da Portela, se juntou a outro time de peso na Tradição. E ali estava João Nogueira no berço e nos braços do samba, cercado por um time de peso, de compositores e amigos como: Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Clara Nunes, Cartola, Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Nei Lopes, Paulo César Pinheiro, Martinho da Vila, Nelson Sargento, Zé Ketti, Wilson Moreira, Leci Brandão e outros. Eram muitos que imperavam as escolas de samba, sendo que muitos no anonimato.
No meado de 1979, João percebeu que o samba começou a perder espaço e ficando abafado pela disco dance (discoteca musical AMÉRICAna), controlada cada vez mais pelo jabá e mídia. Não só ele, mas todos foram sentindo que o samba estava perdendo espaço no mercado. Foi quando João fez o convite a várias personalidades e amigos do mundo do samba a comparecer a sua casa no Meier para saborear um suculento feijão. E claro que todos compareceram, ali, rodeado de amigos, formou-se uma roda de samba e versos, divertiram-se, sambaram, trocaram ideias e versos, tudo direcionado ao samba, chorinho e aos grandes poetas. Esses encontros passaram a ser realizados, uma vez por mês, na casa de João, sendo frequentado por diversas celebridades. Muito samba e feijão, chamando a atenção de todos que passavam pelo bairro, da mídia e da sociedade. Foi quando a produção do Fantástico resolveu ir a este tão falado encontro, viu então que não era um encontro comum. Tratava-se dele, João Nogueira e outros grandes nomes do samba, como Clara Nunes, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Monarco, D. Ivone Lara, Zé Ketti, Paulo Cesar Pinheiro, Cartola, Beth Carvalho, Roberto Ribeiro, Alcione, Nei Lopes e outros, além de ser um time de músicos liderados por Wilson das Neves.
O programa foi ao ar e teve grande audiência, repercutindo nacionalmente, pois ali estavam João Nogueira e os maiores nomes do mundo do samba, não só homenageando e versando, bem como exaltando a bandeira do samba. A partir daí, o povo brasileiro, em cadeia nacional, passou a cantar “ MELHOR É VIVER CANTANDO, AS COISAS DO CORAÇÃO. É POR ISSO QUE VIVO NO CLUBE DO SAMBA, COM ESSA GENTE BAMBA, EU ME AMARRO DE MONTÃO …” Ali nascia o Clube do Samba, uma turma da pesada de músicos, compositores e cantores liderados por João Nogueira. De sua casa, esses encontros passaram a ser realizados em casas de shows do Rio de Janeiro, foram gravando e emplacando sucessos e mais sucessos na mídia, como o PODER DA CRIAÇÃO, “NÃO, NINGUÉM FAZ SAMBA SÓ PORQUE PREFERE, FORÇA NENHUMA NO MUNDO INTERFERE SOBRE O PODER DA CRIAÇÃO…” Essa música virou uma espécie de hino dos cantores até hoje, em todas as rodas de samba. Logo em seguida, o Clube do Samba se transformou em bloco de carnaval, sempre repletos de bambas e com temas homenageando e valorizando o mundo do samba. Temas como Nelson Sargento, Cartola, Clementina de Jesus, etc…
O Bloco Clube do Samba começou a se tornar responsável pela revitalização do mais animado carnaval de Rua do Rio de Janeiro. O Clube começou a fazer grandes bailes de carnaval no Morro da Viúva, no Clube Municipal e na Associação dos Servidores do Brasil, até chegar aos desfiles da Rio Branco, tornando-se o palco principal com encontros que marcaram a história de outros foliões do Bloco Bafo da Onça, Cacique de Ramos, Cordão do Bola Preta e todo o público que assistia esses grandes desfiles. O Bloco Clube do Samba, tinha como marca grandes homenagens aos bambas da época, inclusive ao próprio João, após a sua morte.
Na madrugada de 5 de junho de 2000, aos 58 anos, João Nogueira nos deixou. O Mundo do Samba chora até hoje. Casado com Ângela Nogueira, deixou três filhos, entre eles, Diogo Nogueira, que trilhou o dom de seu pai, pegando o bastão e não deixando a peteca cair, onde nos faz matar as saudades deixadas por Ele, dada a semelhança física, vocal e a simpatia inerente ao João.
O Clube do Samba passou a ser presidida por sua viúva Ângela Nogueira e pelo produtor fonográfico, seu sobrinho Didu Nogueira. Uma vez por mês, uma grande roda de samba é realizada em diversas casas de shows do Rio de Janeiro, sempre rodeado de seus amigos, celebridades e outros que vieram trilhando o mesmo objetivo de João, valorizar as parcerias e o samba, tudo isso regado a uma boa feijoada.
“SE ESTAMOS AQUI HOJE, FOI PORQUE UM DIA, JOÃO NOGUEIRA E SEUS PARCEIROS DO CLUBE DO SAMBA, DEFENDERAM A NOSSA EXISTÊNCIA, NOSSA CULTURA E NOSSA RAI” – ZECA PAGODINHO.
Hoje, o Bloco Clube do Samba, desfila na terça feira de carnaval, na orla de Copacabana, arrastando multidões.
O ex prefeito Eduardo Paes, rebatizou a antiga casa de espetáculos Imperator, no Méier, que passou a se chamar CENTRO CULTURAL JOÃO NOGUEIRA; um complexo que envolve salas de cinema, de apresentação e um mini museu sobre a história e a vida de João Nogueira, bem como um palco principal, onde todo mês o Clube do Samba se reúne com a presença dos amigos e parceiros de João e outros que defendem e exaltam o samba, tais como Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Seu Jorge, Revelação, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Elza Soares, Wilson das Neves, Martinho da Vila, Monarco, Alcione e todos daquela época e de hoje, sempre saudando os bambas, sobretudo seu filho Diogo Nogueira, que muito contribui para que tudo isso não se acabe.
E assim trazemos para a avenida essa história que resume a união e a paixão pelo nosso samba.
VIVA O CLUBE DO SAMBA!!!!!!!!
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