Sinopse da Acadêmicos do Cubango

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G. R. E. S. ACADÊMICOS DO CUBANGO

CARNAVAL 2024

Presidente Administrativo – Pablo Coutinho

Vice-Presidente – Anderson Leko

Presidente de Honra – Anderson Pipico

Carnavalescos – Gabriel Haddad, Joana D’Arc Prósperi, Jovanna Souza, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves, Sophia Chueke, Thayssa Menezes, Theo Neves

OS PÁSSAROS DA NOITE E O SEGREDO DAS CRIAÇÕES

Elas não são boas nem más.
Elas são o que são.
Elas são o poder.
Elas são o poder, a energia e a força.
Elas são o segredo.
(Iyá Ajé)

Ìyámi, minha Mãe, o mistério será preservado!

Sob as suas asas sagradas repousa o segredo das criações.

És a faísca geradora de tudo e a existência essencial para a manutenção da vida.

Somos todos seus filhos e filhas.

O princípio feminino é, genuinamente, a gênese da preservação do mundo, o ventre-mãe.

Nos primórdios de tudo, Oduduwá: a grande divindade materna e o útero ancestral da Terra.

O segredo criacional do Aiyê se dá pela mística e pela força feminina do (re)criar, fertilizar e transformar.

Entre máscaras e danças, o secreto ritualizar de uma sociedade tradicionalmente mulherista, Gèlèdé.

Sem o poder gerador das mulheres, a humanidade não tem continuidade.

Carnavalizamos o fazer vital das manifestações femininas, do coletivo gerador de energia que, rodando, dançando e cultuando, nos ensinam sobre as suas próprias dinâmicas de existência: Candomblés.

Salvador, o primeiro barco cruza a calunga e nascem os primeiros filhos da dinastia de três mães e a linhagem-matriz de uma afrosofia matriarcal e coletiva.

Nossa Senhora da Boa Morte, rogai por nós!

É nas irmandades femininas oriundas da Bahia que encontramos as estratégias de sobrevivências incrustadas nas tecnologias de reverenciar e preservar o sagrado que existe por trás de tudo o que foi criado.

O recomeço se faz na iniciação – nascer pro Orixá é se reconectar com o continente mãe, volte e pegue.

Mães Baianas, o baobá da criação, saberes e sabores no tabuleiro daquelas que tudo nos ensinaram.

Tia Ciata gestou em seu quintal um solo fértil de memórias e fundamentos.

Semba que o samba é reza, rito, festa e Carnaval.

Cubango, um terreiro assentado por mãos e mães.

A primeira bandeira foi tecida por fios de contas e batizada por aquelas que jogam pipocas pra São Lázaro.

O Morro do Abacaxi, o chão vermelho de terra batida e a procissão inicial do padroeiro, Atotô!

Tudo isso nos permite reconstruir o imaginário de mães fundadoras.

Viver é partir, voltar e repartir!

Cubango é cabaça ancestral e também a nossa filha!

Aqui será (re)construída a história!

Pesquisa: Gabriel Haddad, Joana D’Arc Prósperi, Jovanna Souza, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves, Sophia Chueke, Thayssa Menezes, Theo Neves

Texto: Thayssa Menezes

Enredo tecido a partir do diálogo com fundadores, baluartes e sambistas do GRES Acadêmicos do Cubango, a quem pedimos a bênção.

 

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Acácio; REGINALDO, Lucilene. Irmãs da Boa Morte: Senhoras do Segredo. In: Anais do 4.º Congresso Afro-Brasileiro (1994), Recife, PE: FUNDAI, Editora Massangana, 1996, p. 98-110.

ALMEIDA, Angélica Ferrarez de. A tradição das tias pretas na Zona Portuária: por uma questão de memória, espaço e patrimônio.

Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), 2013.

AZEVEDO, Vanda Alves Torres. Íyàmi: símbolo ancestral feminino no Brasil. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de PósGraduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006.

CORREIA, Sandro dos Santos. A importância das mulheres do candomblé no desenvolvimento de Cachoeira, BA. In: Odeere: revista do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade – UESB. Ano 2, n. 3, v. 3, 2017.

NOVAES, Luciana de Castro Nunes. As panelas das Feiticeiras: uma etnografia do segredo e ritual de Iyami no Candomblé. Dissertação de Mestrado defendida no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia, 2012. OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

SILVEIRA, Renato da. O Candomblé da Barroquinha. Processo de constituição do primeiro terreiro baiano de Keto. Salvador: Maianga, 2006.

THEODORO, Helena. Mito e espiritualidade: mulheres negras. Rio de Janeiro: Pallas, 1996.

WERNECK, Jurema. Samba segundo as Ialodês: mulheres negras e cultura midiática. Tese de Doutorado defendida no Programa de PósGraduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.

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