Guilherme Estevão – Carnavalesco do Gato de Bonsucesso que desfilará no Grupo D em 2016
Enredo: CATCHERÊ-DOIMÃ: LENDAS E FESTAS DE MÂDUBI
- Como é fazer carnaval na Intendente Magalhães?
Guilherme: É sempre um misto de prazer e terror. Prazer por ver que seu trabalho está de fato envolvendo uma comunidade, os verdadeiros sambistas, que interfere na rotina de quem vive a agremiação e que pode promover conhecimento, pois eu vejo o carnaval como um organismo de caráter pedagógico e não apenas uma forma de entretenimento. Por outro lado são aterrorizantes as condições que nós temos de trabalho, o investimento público, as dificuldades financeiras, o medo de não conseguir levar pra avenida tudo que se espera. Mas com seriedade, trabalho e fé nós seguimos em frente.
- Fale-nos um pouco do enredo da escola?
Guilherme: O Gato vai falar um pouco de cultura e tradições festivas a partir de um grão. Vamos usar o amendoim para falar sobre o alimento sem descrever aspectos da comida, aplicações comerciais ou viagens ao mundo. É um enredo que parte de duas lendas indígenas, de tribos pouco abordadas no carnaval, que mostra dentro de cada uma das aldeias a criação do Mãdubi, que era a maneira como chamavam o amendoim, e pela narrativa nós conseguimos estabelecer uma ligação onde as duas lendas se complementam. É a partir dessa cultura indígena, pioneira no cultivo e na formação de um imaginário envolvendo o amendoim, que mostramos como ela foi apropriada pelo homem branco, a partir do processo de interiorização do país, entradas e bandeiras. Ao longo desse momento de “redescoberta” do território, o grão se disseminou e foi incorporado nas raízes regionais, ganhando novos sabores e tornando-se comida típica de festas cristãs, como os arraiás de São João, Pedro, Santo Antônio, terminando nosso carnaval em um grande arraiá do Gato, a festa de Mãdubi.
- Quais são as expectativas da escola para este carnaval?
Guilherme: Eu faço a minha estreia como carnavalesco e trouxe comigo outros profissionais que também estreiam em suas funções ou vão realizar seu primeiro trabalho no Gato. Então promovemos uma mudança radical na estrutura e pensamento de carnaval da escola. Enfrentamos barreiras, desconfianças, mas foi com trabalho que mostramos que essas mudanças são fundamentais e também será com ele que nós esperamos concretizar de maneira bem sucedida as propostas apresentadas. Pensamos primeiro em nos superar para depois pensar na classificação final propriamente. É foco no próprio Gato com coração na mão em busca de um resultado feliz.
- Como está o barracão da escola (fantasias e alegoria(s))?
Guilherme: Como certamente todas as agremiações estão. O tempo é curto e o trabalho é longo. Por conta das indefinições e demora de repasse de recursos, começamos de maneira lenta. Dentro do que poderíamos fazer, fizemos. Hoje estamos a pleno vapor, apesar da correria as coisas estão saindo exatamente como foram pensadas e creio que, se novos imprevistos não surgirem, concluiremos os trabalhos sem problemas.
- Como virá a escola, em relação a nº de alas, componentes, quantos setores serão o desfile?
Guilherme: Serão 14 alas, 350 componentes divididos em três setores.
- Deixe-nos uma mensagem para o povo que acompanha o carnaval da Intendente.
Guilherme: Minha expectativa e ansiedade são enormes justamente para ver o que o público da Intendente vai achar do meu trabalho e de toda escola. É um carnaval feito com muita dificuldade, mas com muito carinho, planejamento e vontade. Que busca trazer, de fato, um conhecimento novo, uma história interessante que desperte novos olhares para o público, pois não é pelo fato de desfilarmos na Intendente que esse expectador não terá direito a uma pesquisa bem fundamentada e um enredo de força cultural. Tudo isso em uma proposta de desfile leve, animada como o nosso samba. Convido a todos a entrarem na saborosa festa do Mãdubi, se divertir com o Gato de Bonsucesso.
Muito obrigado Guilherme Estevão pela participação e bom carnaval!