67 CARNAVAIS, PARABÉNS CAPRICHOSOS DE PILARES!

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mamajdb

Parabéns Caprichosos de Pilares 67 anos de muitos Carnavais!

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Caprichosos de Pilares surgiu de uma bronca de sambistas. Seria mais bonito escrever que fora uma dissidência, mas seria frescura demais para uma Escola de Samba como a Caprichosos de Pilares. A Unidos de Terra Nova (para quem não conhece, área próxima a Pilares) não vinha realizando desfiles com o capricho que uma Escola de Samba precisava.

A Unidos de Terra Nova fizera uma apresentação pífia em 1947. Não desfilou no ano seguinte e mais uma vez fora mal em 1949 (23ª de 25). Então, um grupo de bambas de Pilares decidiu que era hora de criar uma Escola de Samba que desfilasse com capricho e pudesse bater de frente com Mangueira e Portela. E assim, no dia 19 de fevereiro de 1949, um sábado, um pouco mais de uma semana antes do Carnaval daquele ano, numa daquelas reuniões que caracterizam os verdadeiros encontros de sambistas, surgiu a CAPRICHOSOS DE PILARES. Inicialmente vermelha e branco, em pouco tempo assumindo as definitivas azul e branco. Entre os nossos fundadores estão Dagoberto Bernardo “Beto Limoeiro”, Oscar Alcântara “Seu Oscar”, Walter Machado, Ferminiano Romão da Silva, Gilberto Ribeiro da Fonseca, João Cândido, Sebastião Benjamin e Amarildo Cristiano.

Desde sua fundação, a Caprichosos de Pilares veio para criar confusão, ou melhor, para buscar seu justo e devido lugar no cenário do Carnaval. Já falamos sobre a troca quase imediata de cores, com a opção final pelo azul e branco até como forma de homenagem à madrinha Portela. Mas… E seu símbolo? As cobras com o rabo entrelaçado, envolvendo instrumentos de bateria? Qual  seria o significado daqueles animais na bandeira da agremiação?

Existem três versões e nenhuma das três foi descartada por ninguém ou efetivamente confirmada.

Todas as versões são ufanistas, carregadas de poesia e provocações, como convém a uma Escola de Samba. A primeira tem a ver até com o sentimento patriótico que ainda tomava conta de todos os brasileiros quatro anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Por essa linha, as cobras seriam homenagem aos soldados brasileiros que combateram na Itália, um carinho à Força Expedicionária Brasileira (não custa lembrar que muitos diziam que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil ir à Guerra – como foi, e com importante participação junto aos Aliados).

Uma segunda versão fala que a opção pela cobra seria por ser o animal que pudesse combater a águia da Portela ou o leão do Estácio. Convenhamos que, para um grupo de sambistas que se reuniu para criar uma Escola de Samba que desfilasse “com capricho”, esse seria um motivo bastante interessante.

A história que mais me agradou, porém, tem ligação também com essa questão meio ufanista, meio poética, que remonta até mesmo ao nome “Escola de Samba”. Se era “Escola de Samba” porque ensinava samba a quem desejasse, tomando para si os deveres das outras Escolas que “apenas” ensinavam a ler e escrever, uma Escola de Samba como a Caprichosos de Pilares era o ponto final desses estudiosos. E o que é o ponto final da vida de estudos? A formação como “doutor”. E doutores,  como na Medicina, têm como símbolos cobras. Está feita a correlação e explicada a escolha pelas cobras para serem símbolos da Caprichosos. Qualquer uma das versões, porém, é bonita de ser assumida e comprova, desde sempre, o que seria a Caprichosos.

Voltando à dissidência, ou melhor, à bronca e rivalidade com o pessoal da Unidos da Terra Nova. No Carnaval de 1950, no primeiro embate entre as duas Escolas, é claro que a vencedora foi a Caprichosos. No desfile organizado pela União Geral das Escolas de Samba do Brasil, na lendária Praça Onze, curiosamente realizado no dia 19 de fevereiro (um ano após sua fundação), a Caprichosos ficou em 9º lugar (com vários empates à frente, é importante dizer), enquanto Terra Nova não passou do 13º. E essa vitória inicial da Caprichosos acabou decretando o enrolar da bandeira da Unidos da Terra Nova.

(Somos todos Caprichosos, texto de Vicente Dattoli, no Livro As Primas Sapecas do Samba, com adaptações)

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