União de Jacarepaguá uma verdadeira história de amor com o samba

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“O verde é esperança, o branco é paz, traz confiança / “Arroz com couve” alimento eficaz / Regado à samba, é bom demais”*

Quem já ouviu falar: “quem não gosta de samba, é ruim da cabeça ou doente do pé”? Não levando o ditado popular ao pé da letra, até porque remete o pensamento a uma doença. E por falar em doença, estamos aqui para falar justamente de como o samba cura as tristezas, as dores e os males, enfim. No samba não tem restrições à portadores de deficiências físicas ou mentais, etnias, desigualdades sociais, econômicas ou culturais. O samba é como coração de mãe, afaga e acalenta a todos. Lógico, ou como se diz no miudinho ou palpitando de emoção com o estrondo da bateria. De uma forma ou de outra essa é a nossa representatividade cultural com muito orgulho, sim senhor. Vamos voltar um pouco no tempo e saber como surgiu o samba.

Embora as características do samba já fossem encontradas nas manifestações musicais da Bahia, o samba como gênero veio se oficializar no Rio de Janeiro, mais precisamente na casa da tia Ciata, nos arredores da famosa Praça Onze. Na casa da tia Ciata, havia reuniões religiosas de caráter africano onde diversas referências musicais se encontravam, e como marco do samba podemos citar a música “Pelo telefone” de Donga de 1917.

Carnaval é a festa de um povo e sentimos imenso orgulho em participar da maior festa popular do mundo. Vamos apresentar um pouco da história da nossa querida União de Jacarepaguá, carinhosamente chamada de arroz com couve, por conta de suas cores do seu pavilhão.

A União nasceu da fusão de duas outras escolas de samba que existiam na região. Corações Unidos de Jacarepaguá, na época representada por Aloysio Domingos da Cruz, e Vai Se Quiser, cujo presidente era Júlio Pinto.

A escola foi fundada no dia 15 de novembro de 1956, tendo como símbolos um aperto de mãos e dois cavalos marinhos. Seus fundadores são Aloysio Domingos da Cruz, Oraci Honório Teixeira, Júlio Pinto, Casemiro Leal Teixeira, Sebastião, Mázinho, Aida Lopes Gonçalves e outros.

O primeiro presidente da escola foi Aloysio Domingos da Cruz. Logo depois assumiu o cargo Joaquim Casemiro da Silva (o famoso Calça Larga do Salgueiro).

A primeira sede da agremiação foi na Rua Bugres, nº 162, em Jacarepaguá. A escola mudou algumas vezes o local de sua sede até fixar-se definitivamente na Estrada Intendente Magalhães, nº 445, em Campinho no início da década de 80.

Em 26/12/1959, realizou-se a cerimônia de batismo da União de Jacarepaguá e a escola convidada para ser sua madrinha foi a Portela.

A União de Jacarepaguá foi a primeira escola de samba a receber a visita de um chefe de Estado, pois lá esteve o Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira acompanhado do Embaixador Francisco Negrão de Lima em 1964.

De 1957 a 1965, a escola desfilou no Grupo I, sendo seu melhor resultado no grupo principal em 1963 quando apresentou o enredo “Mestre Valentim“, terminando na 5ª colocação.

Muitos nomes do samba como os compositores Paulinho da Viola, Norival Reis, Vicente Mattos, Catoni e Jorge Mexeu, o Mestre-Sala Ari da Portela, o mestre de bateria André da Mocidade Independente de Padre Miguel, o passista Jerônimo da Portela, o intérprete David do Pandeiro, os carnavalescos Alexandre Louzada, Jorge Caribé e Waldecyr Rosas, o diretor de carnaval Júnior Schall, entre outros, já defenderam as cores da União em carnavais passados.

A escola tem dois títulos no carnaval carioca. Venceu em 1998 o Grupo D apresentando o enredo “Emplumados na Folia, Chegou o Nosso Diado carnavalesco Jorge Mendes. A escola voltou a vencer o Grupo D em 2019 apresentando o enredo “Africanidades“, dos carnavalescos Jorge Caribé e Elvis Luiz.

A União de Jacarepaguá é uma escola de samba muito respeitada por todos no mundo do samba e tem importantes premiações.

“Canto… Meu canto é o acalanto…”

Sua ala de compositores venceu por três vezes o prêmio Estandarte de Ouro do Jornal O Globo na categoria de melhor samba-enredo do Grupo de Acesso (2). Em 1976 a escola apresentou o enredo “Acalanto para Uiara, dos compositores Norival Reis, Vicente Mattos e Joel Menezes.

O branco com o verde da esperança abre a cortina da lembrança e vem cantar…

Em 1981, a verde e branca apresentou o enredo “Mauricéia em Noite de Festa dos compositores Djandir Bastos, Catoni e Dantas, interpretado por Jairo Espingarda e Nilce.

Em 2004, a escola trouxe o enredo “Rio de Janeiro, o Rio que o Mundo Inteiro Amados compositores Luizinho Oliveira, Alexandre Valle, Serginho Mato Alto, Élio Sabino e Henrique Guerra, na voz do intérprete “Rixxa”.

A escola tem na sua sala de troféus ainda vários prêmios S@mba-Net.

Em 2000, desfilando no Grupo B, venceu o S@mba-Net nas categorias: melhor ala das crianças – fantasia “Cataventos“, conjunto de fantasias e enredo “O Vento que Venta Lá, Venta Cá“, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Mendes.

Em 2001 ganhou o S@mba-Net de melhor ala das crianças do Grupo B.

Em 2002 venceu o S@mba-Net de melhor ala das crianças e de melhor samba-enredo do Grupo A. O enredo apresentado foi “Asas: Sonho de muitos, Privilégio de Poucos, Tecnologia de Todos” dos compositores Luizinho Oliveira, Alexandre Valle, Ulisses, Henrique Guerra e Élio Sabino, interpretado por Tiãozinho Cruz na avenida.

Venceu o S@mba-Net em 2003 na categoria melhor bateria do Grupo A.

Além do Estandarte de Ouro de melhor samba-enredo de 2004, a escola também venceu o prêmio S@amba-Net na mesma categoria.

Em 2005, a escola ganhou o Prêmio S@mba-Net Especial para a Rainha de Bateria Paulinha.

No carnaval de 2007, a União venceu o prêmio S@mba-Net de melhor intérprete do grupo B com Rixxa.

Em 2010, a ala das crianças da agremiação venceu mais vez o Prêmio S@mba-Net.

No carnaval de 2011, a escola venceu o S@mba-Net de melhor bateria, melhor ala da Velha Guarda e melhor enredo do grupo B. A escola desenvolveu o enredo “Feijoada – mistura e tempero, da cor do samba, sabor brasileiro”, do carnavalesco Alexandre Louzada.

Em 2014, venceu o S@mba-Net de mais elegante Galera da Velha Guarda do grupo A.

Ufa, quantas premiações, quanto reconhecimento…. Isso sem contar outros não menos importantes, Prêmios Samba na Veia, Prêmio Plumas & Paetês Cultural, Troféu Jorge Lafond, etc.

Em 2006, o bloco de enredo Grilo de Bangu homenageou os 50 anos da União de Jacarepaguá no enredo “50 Anos Cantando em Versos e Prosas – União de Jacarepaguá”.

Quanta história! São tantos carnavais, tantos enredos, tantos sambas maravilhosos enaltecendo a nossa história e a nossa cultura, narrando o melhor do nosso Brasil!

E o que falar dos nossos sambas de exaltação que fazem o coração bater forte no esquenta da bateria:

 

“Cenários “

Compositores: Catoni e Jorge Mexeu

Intérprete: Rixxa

“União de Jacarepaguá.

É uma agremiação que saúda de coração Império do Marangá,

Aprendizes de Lucas, Capela, Unidos da Tijuca,

Mocidade Independente, Cartolinha de Caxias, Império Serrano com muita gente

Acadêmicos de Vaz Lobo, União do Centenário, Oswaldo Cruz, sabem apresentar cenários

Portela, vive de glórias em Madureira

Começa o romper da Aurora, o samba lá em Mangueira

Acadêmicos do Salgueiro, Bento Ribeiro e outras mais

São orgulho do samba brasileiro”

 

“É a nossa União”

Compositores: Almir de Araújo, Carlinhos da Ceasa, Rhychahs, Rosa Fadda e Rosemiro

Intérprete: Rixxa

É a nossa União que me fortalece / Meu coração humildemente agradece

E entoa como prece / Meu canto de amor

Por você que adoro / Que brigo, que choro

Bate no meu peito um tambor

É carnaval / Vamos enfrentar o desafio / Na explosão da bateria, arrepio

A Velha-Guarda / Guarda com orgulho a nossa história

Meninas baianas, senhoras de glória / Os destaques coloridos

Beleza em todos os sentidos / Mestre-Sala cortejando

Porta-Bandeira bailando / É show de lindeza na pista

Nossas alas reunidas / Misturando alegria

No requebro dos passistas

Soa o apito da harmonia / Na União de Jacarepaguá

É o samba que corre no corpo da gente / Chegou a hora, vamos lá!

Hoje a nossa Agremiação, presidida pelo Sr. Reinaldo Bandeira, aguarda a pandemia passar para apresentar seu belo carnaval na Intendente Magalhães, fazendo ações sociais para a comunidade e arredores, lives com os segmentos em suas redes sociais, mantendo o espírito de união e força da agremiação.

Fazendo jus ao seu simbolismo, representando a UNIÃO de uma grande família!

Já dizia o ditado “A felicidade mora ao lado”, mas na União ela passa em frente!

Por Marcos Guerra Couto e Sílvia Schetine

Fotos Carnaval de 2020

*Trecho do Samba-Enredo da União de Jacarepaguá de 2006, “Alô, alô Intendente! Aquele abraço“, dos compositores Marinho, Ivanísia, Fernando Tchá Tchá, Tito e Jorge Buccos.

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