CARTA ABERTA À COMUNIDADE
O Grêmio Recreativo Escola de Samba é um bem comum, e sobrepõe-se a interesses individuais.
Por mais de 10 anos nosso Grêmio foi afastado da comunidade a que pertence. Chegando a ter uma nova quadra sede longe da Zona Sul, no Catumbi, excluindo o uso da antiga, na comunidade, fazendo mais visível esta separação e deixando de exercer sua atividade primordial, o recreativismo do conjunto de nossa comunidade e manutenção e permanência da nossa história e nossa ancestralidade.
Desde março de 2020 o Alegria está lutando para devolver esse patrimônio para suas origens, as comunidades do Cantagalo e Pavão e Pavãozinho, através do RESGATE DO SAMBA.
A antiga diretoria por intermédio do senhor Marcus Vinicius, renunciou as suas funções após, depredação do patrimônio material e imaterial da Escola. Condicionou a entrega de sua carta de afastamento a um período de três meses de ajustamento.
Em meio a tamanha irresponsabilidade e atos atabalhoados da antiga gestão, foi formado uma junta governativa composta por moradores e baluartes numa tentativa de não por fim a este importante instrumento social e cultural para todos que aqui vivem e se relacionam. Mantemos nossa Escola viva e de bandeira hasteada.
O motivo desta carta aberta é colocar à luz do conhecimento a real situação do Grêmio hoje, e uma tentativa de estabelecer uma conversa sobre as questões que envolvem o apoio da comunidade e a realização do carnaval que está por vir.
Infelizmente a agremiação não possui outras alternativas a não ser estabelecer tais tentativas de compreender melhor os fatos que ocorreram e que produziram tamanho impacto na vida de muitos. A instituição possui bastante influência sob a vida de muitas pessoas no PPG e deseja continuar com o propósito que, de fato, construíram e reforçaram importantes valores em nossa comunidade. Por muitos esforços, temos raízes estabelecidas de uma memória e identidade que importa divulgar e preservar.
A nova diretoria lamenta a maneira como recebeu a Escola e se dispõe a buscar alternativas para minimizar todas as relações estabelecidas por má administração, que tiveram a frente da agremiação em tempos passados. A documentação que chegou a nossas mãos veio de forma lenta, relutante e deficitária, tornando nosso trabalho mais árduo, lento e dificultoso.
Tudo que recebemos foi cerca de 40 peças de bateria, em péssimas condições de uso e estado de conservação.
Recebemos também um precário material de uso decorativo para identidade do espaço da Escola (baners) que ficava na Rua Frei Caneca, numa quadra em baixo do viaduto, em frente a praça da Apoteose.
Não recebemos prestações de contas, relação patrimonial, extrato bancário e nem contas bancárias em funcionamento, abertas pela administração anterior.
No processo de transição nos foi negado a continuidade de uso do Espaço quadra na Rua Frei Caneca sob a alegação de que era de uso particular da família Almeida, e que era uma conquista do próprio presidente, enquanto pessoa física. Onde hoje esta situada a recém fundada Escola de Samba Apoteose Carioca, filiada a LIVRES.
A princípio nos foi dado o conhecimento pelos gestores antigos de que o espaço de barracão situado na Avenida Brasil, próximo ao viaduto de Benfica e Supermercado Açaí também não poderia ser usado pelo Alegria da Zona Sul, como também nos comunicaram que os Chassis (carros alegóricos) lá estacionados e que estiveram nos desfiles anteriores da Escola não faziam parte do acervo do Grêmio, e que de 3 carros apenas UM era da Escola, justamente o carro que teve as rodas retiradas por ordem do presidente, Sr. Marcus Vinícius. Um único chassi que teve as rodas retiradas para pagamento de dívida com borracharia, daquela gestão antes da transferência de administração.
O Alegria da Zona sul estava ainda filiada a uma liga de Escolas de Samba recém formada, com mais 5 agremiações e sem reconhecimento de Associações oficiais do carnaval carioca, inviabilizando seu desfile na Marques de Sapucaí.
Sem esmorecer, a nova administração se empenhou e tem mantido sua missão de colocar a documentação em dia, contando sempre com apoio financeiro de lideranças da comunidade nas questões jurídicas.
Neste tempo, resultado de ações judiciais vieram a tona, inviabilizando por inteiro a gerência e o propósito coletivo de reiniciar um processo de cura de todo um lugar. Dívidas processuais que bloqueiam a manutenção de nova conta bancária, impossibilitando até possíveis incentivos de órgãos oficiais voltados para cultura. CNPJ estava inapto, por falta de declaração de Imposto de Renda, com multa pesada, dívida trabalhista e de outras naturezas. Falta de certidões Municipais, Estaduais, e Federais. Dívidas na justiça que somam em torno de R$ 1.800.000,00 (mais de um milhão e oitocentos mil reais), por enquanto. Houve confissões de supostas dívidas por parte do Sr Marcos Vinicius, e com isso suas respectivas cobranças, decorrente de compras de produtos e serviços. Emissões de notas frias para as Ligas de Escola de samba, gerando problemas destas com o Tribunal de Contas do Município.
Nesse cenário, o GRES Alegria da Zona Sul suplica o engajamento de toda a comunidade para que não deixemos de desfilar nos próximos carnavais e não enrolemos a nossa Bandeira.
A nova diretoria tem se dedicado com gestos que abrangem até colocar dinheiro do próprio bolso para manutenção e melhoramento da quadra no Cantagalo. Nossa Escola é da comunidade e precisa da presença e participação de cada um em nossos ensaios, preparativos no ateliê e barracão e principalmente em nosso desfile que amarga uma realização na Intendente Magalhães, mais uma vez.
Nossa Escola é reconhecida pelo chão que possui. Nossa comunidade tem um potencial criativo de respeito e uma resiliência aclamada pelo mundo do samba.
O GRES Alegria da Zona Sul só existe por você. Somos a Alegria da Zona Sul.