Escola: G. P. C. E. S. Bohêmios da Cinelândia
Enredo: NEGRO, A COR DA VIDA
Carnavalesco: Edmilson Rocha da Silva “Ed”
Presidente: Mestre Marco André
Data, Local e Ordem de Desfile: Grupo de Acesso E, 7ª Escola de 13/02/2016, Sábado, Estrada Intendente Magalhães, Campinho, Rio de Janeiro/RJ.
Samba:
Compositores: Luiz Carlos TR, Carlos Augusto, Luiz Cláudio, Nando Jr., Miguelzinho PQD, Miriam 18, Fininho e Lúcio Naval Olivares
Intérpretes: Arílson Zona Sul, Elder Magno e Diego Alves
Letra:
Sou negro, sou a cor da vida / História de meus ancestrais
Oh Mãe África querida, sou filho desse chão!!! / Com braço forte vou erguer essa bandeira
Na luta por justiça social, escravidão nunca mais
(Salve) Salve a miscigenação e o sol da liberdade / Exemplo para toda humanidade
Quem sou eu, quem é você? / Quero meu direito de viver
Sou quilombola, bato no peito / Tenho nas veias o sangue Nagô
Sem a revolta e sem a chibata / A minha cor é tradição de uma raça
Liberdade de verdade / Zumbi foi o guerreiro da igualdade / A esperança vai florescer
Vamos semear felicidade / Em um novo amanhecer / Oh meu pai, a ti eu peço proteção
Iluminai a raça negra em oração / Bate o tambor eu tenho fé
Hoje meu samba vai levantar poeira / Quero respeito sou a raça brasileira
É muita emoção, aguenta coração!
Eu quero igualdade, meu justo valor / Dignidade não se compra não
Eu sou negro, eu sou raiz / Na Cinelândia ser boêmio é ser feliz…
Sinopse:
NEGRO, A COR DA VIDA
– Origem do Homem e do Racismo
ORIGEM
Há três milhões de anos, surge na África a mais antiga espécie humana: o NEGRO. Esse nosso ancestral tinha características semelhantes ao Homem Moderno que criou o primeiro instrumento. Com o tempo passou a fazer e usar objetos. O trabalho com as mãos sofisticou sua capacidade de manipulação, estimulando o crescimento do seu cérebro e sua capacidade intelectual, dotando-o de Cultura. Esse Homem Moderno se diversificou muito cedo, quando saiu de seu lugar de nascimento, se propagando por todo o Mundo Antigo: África, Europa e Ásia. Estendeu suas fronteiras em todas as direções, chegando à Austrália e Américas.
O Homem Natural, do ponto de vista da anterioridade é, portanto, NEGRO. Os outros tipos são, digamos assim, derivados.
Quanto ao local de origem, na África, existem dúvidas, mas são o Vale do Rift e as Regiões dos Grandes Lagos, os locais mais indicados pelos estudiosos. Os recentes progressos no estudo do DNA, confirmam a origem africana. Afirma-se também, que as populações humanas contemporâneas, são todas descendentes de uma única mulher, que viveu na África há cerca de duzentos mil anos: ¨A Eva Mitocondrial¨ ou ¨Eva Africana¨.
Hoje, o jornalista e escritor americano Paul Salopek refaz a rota desses primeiros Humanos Modernos, que saíram da África para explorar outros continentes, há cerca de sessenta mil anos atrás, com previsão de término até 2020.
A história do Negro Africano no Brasil começa em torno de 1538 quando aqui chegaram nos primeiros NAVIOS NEGREIROS, na condição de escravos.
RACISMO
Presente em todos os continentes, e apesar da origem comum, o estranhamento e o racismo têm marcado as relações entre os seres humanos ao longo de milênios. O Racismo surgiu como atitude defensiva. É fruto do medo do desconhecido. Era também uma forma de não se deixar contaminar pelas ¨maneiras estranhas¨( a cultura) e o medo de se perder.
Através dos séculos, o racismo e o escravismo aparecem de várias formas. Entre populações da mesma cor de pele, como escravismo greco-romano, a escravidão praticada na África e nos Impérios Orientais e, atualmente, o racismo contra judeus (antissemitismo), contra árabes e ciganos.
O foco do Negro como principal alvo do Racismo, se consolidou após a conquista da América. No Brasil, a partir do século XVI quando os colonizadores começam a explorar a mão de obra Africana escravizada no lugar da indígena.
O RACISMO TRANSFORMA DIFERENÇAS EM DESIGUALDADE.
RACISMO NO BRASIL
Sabe-se que no Brasil, o RACISMO acontece desde os anos de 1500, com a exploração dos escravos negros pelos nossos colonizadores. Apesar da resistência secular, o RACISMO acompanha a vida de negros, índios, indiodescendentes e a população pobre de todas as cores, fazendo vítimas que vão de ZUMBI ao pedreiro AMARILDO.
No RACISMO à BRASILEIRA é, principalmente, a aparência e a cor que contam. O RACISMO é uma construção social e política, e deve ser tratado como tal.
O RACISMO no Brasil está em cada esquina, em casa, no trabalho, nas escolas e faculdades, nos clubes e nas incursões policiais.
Recentemente aconteceram, em espaços de classe média, provas de como acontece o RACISMO em nosso país. Constrangimento às babás para que elas usem uniformes quando levarem os filhos dos patrões aos clubes. Proibições às meninas de usarem shortes quando forem ás escolas. Os diretores alegam que as pernas de fora ¨distraem os meninos¨ e elas tem que se ¨dar ao respeito¨. Agente de trânsito é demitido por se recusar a cortar os cabelos em Sorocaba, SP. Não se pode afrontar a dignidade da pessoa humana, causando tratamento degradante que viola a honra e a auto-imagem.
¨Amanhã é dia de branco¨, ¨Fulano é um preto de alma branca¨, ¨Ele é a ovelha negra da família¨, ¨Ele tem um pé na África ¨. Estas e muitas outras frases você já ouviu de pessoas que não se consideram racistas.
BRASIL SEM RACISMO
A luta contra o RACISMO no Brasil, só será possível através de políticas e conscientização que beneficiem os grupos desfavorecidos, promovendo a igualdade de oportunidades. Apesar dos movimentos, NEGROS e INDÍGENAS, o RACISMO continua sendo um problema nacional. O país está mergulhado numa onda de violência, fruto das desigualdades raciais e sociais. As políticas de ação afirmativa adotadas pelo governo, visam mudar esta realidade.
Cotas de acesso às universidades;
-Obrigatoriedade no currículo escolar do ensino da história e culturas afro-brasileira e indígenas;
-Programa de educação escolar diferenciada para indígenas e quilombolas;
-Reserva de vagas para negros, indígenas e índiodescendentes em concursos públicos;
-Projeto de saúde nas comunidades;
-Veto à Lei da Maioridade Penal;
-Fim da intolerância religiosa.
O fim do RACISMO trará, para benefício de toda a sociedade, menos violência, melhor distribuição de renda, mais criatividade.Só assim o Brasil mostrará ao mundo a que veio.
RESISTÊNCIA
Onde houver escravidão ou racismo, haverá resistência.
A melhor representação da resistência a opressão no Brasil Colônia, foi a criação de comunidades formadas por grupos de escravos fugidos, em determinados locais de difícil acesso. A contribuição das mulheres negras teve uma importância enorme, porque além de cuidarem da casa, combatiam ativamente nas revoltas, chegando até às lideranças nessas comunidades que se formavam, os QUILOMBOS. Documentos de arquivos e relatos contemporâneos dão conta da existência de indígenas entre seus primeiros moradores. Das comunidades quilombolas, espalhadas por todo o território brasileiro, 1573 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares, outras receberam seus títulos, e uma grande parte está em processo de regularização fundiária. Recentemente, receberam títulos o Quilombo da Rasa em Búzios (2005) e o Quilombo do Sacopã (2014) na Lagoa Rodrigo de Freitas, RJ.
O QUILOMBO DOS PALMARES, criado provavelmente em 1630 foi o mais famoso de todos eles, pela sua duração, resistência, e a liderança de ZUMBI, que dirigiu PALMARES nos momentos mais dramáticos. As forças chefiadas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, destruíram o QUILOMBO e assassinaram ZUMBI, em 20 de novembro de 1695, data que originou o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, aprovado em 1977 em assembleia nacional do MNU (Movimento Negro Unificado).A Serra da Barriga, local dos Palmares, foi tombada ,no mesmo ano, como sítio arqueológico.
A partir de 1970, surgiram os movimentos negros, como os conhecemos atualmente, mesma época em que tiveram início as organizações e movimentos indígenas. O grupo ¨Resistência Aldeia Maracan㨠tem um papel importantíssimo nesta contexto. As resistências negra e indígena, estão vivíssimas e, é através delas que o Brasil poderá conhecer a plenitude e a sintetização de seu projeto de Nação.
A resistência ao RACISMO continua hoje, cada vez mais forte, nas escolas, faculdades, ruas, associações criadas para defender os direitos do povo negro e nos tribunais, reivindicando leis para que a igualdade social seja respeitada.